segunda-feira, 20 de maio de 2013

E com Bernardo nasceu a "maternagem"!

Eu já esperava que o nascimento de meu filho mudaria minha vida, mas não como mudou. Me sinto muito diferente, muito mais leve. Passei a perceber o tamanho da nossa responsabilidade (minha e do pai) de criar uma criança pensando e atendendo as necessidades dela, e não apenas as minhas. É preciso apego, entrega e se ouvir ao instinto, ele conduz até a melhor maneira de criar! 
Dentro dessa nova percepção sobre maternidade muita teoria foi desfeita dentro da minha cabeça, todos os conceitos de Nana Nenéns e Encantadoras de Bebês que faziam tanto sentido passaram a ser anti-naturais e até mesmo bizarros. Me senti meio idiota por muitas decisões, gastos, convicções e julgamentos que fazia. O bacana é ter percebido isso tudo bem cedinho, a tempo de oferecer o meu melhor a Bernardo.

Descobri a maternagem e um jeito meu, instintivo de criar meu filho. Sempre respeitando suas necessidades e sentimentos, sempre respeitando meu corpo e a solidez das relações que esperamos no futuro. A criação pelo apego (Attachment Parenting) passou a ser o meu refúgio, isso sim faz sentido pra nossa família, para o que esperamos para o nosso lar.
Apesar de não existir regras ou cartilhas para criação pelo apego, existe um conceito e certos princípios, baseados em evidências científicas, que comprovam a eficácia e sucesso de sua aplicação.


Para entender:


O Attachment Parenting é sobre criar relações fortes e saudáveis entre pais e filhos. Isso nos desafia, como pais a tratar nossos filhos com gentileza, respeito, dignidade e a modelar nossas interações com eles como gostaríamos de interagir com os outros.
É um retorno aos nossos instintos. São práticas, ferramentas para suprir a necessidade da criança em confiança, empatia e afeto, que vão fornecer à criança um fundamento para uma vida de relações saudáveis.
Estudos apontam que bebês nascem com necessidades fortes de proximidade física com seu cuidador durante os primeiros anos de vida. Essas necessidades são resumidas em: proximidade, proteção e previsibilidade. Os bebês choram, reclamam, sugam -são suas formas de ter a mãe por perto. Ao crescer se sentindo segura em sua relação com a mãe, o bebê se sente confiante para explorar e desenvolver relações fortes e saudáveis com outras pessoas importantes em suas vidas. Cada família é única, com necessidades e recursos próprios.
Os oito princípios são ferramentas que cada pai e mãe devem usar como for melhor para o equilíbrio familiar. Você não precisa utilizar todas as ferramentas de uma vez.
 Os oito princípios
1- Preparar-se para gravidez, parto e paternidade.
Tornar-se física e emocionalmente preparada para gestação e o parto. Procure conhecer a  assistência e ambiente do parto, conheça as rotinas hospitalares com os bebês.
A maneira como se inicia a relação ajuda a formação do vínculo. Os primeiros dias e semanas são muito importantes, mas não é um “agora ou nunca”.
Conhecer os estágios do desenvolvimento infantil, para tornar as expectativas reais e ser flexível.
Nascer com respeito é um primeiro momento, é a recepção que estamos dando a esse ser que vem ao mundo.
*Na nossa realidade isso surgiu a partir da escolha pelo parto natural, na nossa opinião a maneira mais respeitosa de receber nosso filho.
2-Alimentar com amor e respeito
A amamentação é nutricional e emocionalmente perfeita. Uma forma certeira de formar o vínculo seguro entre mãe e bebê. É um exercício de leitura do bebê. Ajuda a ler as pistas, a linguagem corporal é o primeiro passo para conhecê-lo. A amamentação cria a química perfeita. Quando não acontece, é importante adotar formas de nutrir que permitam a relação física e emocional.
*Leite materno em livre demanda por no mínimo 6 meses e preferencialmente até quando ele queira. O bebê precisa ser atendido quanto à necessidade do seio não apenas por fome, mas para ajustar as suas necessidades nutricionais e habilidade de sucção, mas também pela segurança, proteção e contato com a mãe. Aqui em casa, é peito a qualquer hora que ele queira, sem limite de horários, intervalos ou contagem de tempo.
3-Responder com sensibilidade
Construa o fundamento de confiança e empatia já no começo. Sintonize-se no que seu bebê está comunicando a você. Responda consistente e apropriadamente. Bebês não sabem se acalmar sozinhos, atente-se ao seu choro. A resposta sensível constrói a confiança. Os pais constroem gradualmente a confiança em sua capacidade de responder às necessidades do bebê corretamente. Bebês não choram para manipular, eles não têm esse raciocino ainda, o choro é sua maneira de comunicar. Cuidado com os conselhos do tipo: deixar chorar, não acostumar mal, não mimar e etc.

Confie em sua intuição, pouco a pouco ela aflora.

Os bebês precisam de pais calmos, carinhosos e empáticos para ajudá-los a aprender a regular suas emoções. Responda à uma criança que está magoada ou expressando uma emoção forte. Compartilhe de suas alegrias sempre.
*Nunca deixamos Bê chorar sem investigar o que ele precisa. O choro é a sua única ferramenta de comunicação. Como não atender? Como negligenciar? Ao ser atendido ele se sente seguro e pleno, aqui continuará assim, sempre.
4- Use o toque:

O toque fornece ao bebê contato físico, afeto, segurança, estímulo e movimento.
*Massagens, carinhos e muito estímulo físico, afeto e colo, muito colo!
Use Babywearing (carregadores de bebês) do tipo sling, wrap e companhia.
*Usamos o wrap sling todos os dias, sem exceção  O Bê fica quentinho, protegido, em posição que o lembra quando ele estava no útero, pertinho da mamãe e com acesso livre ao seio. Ítem mais importante de todo o enxoval.
Massagem
A forma como toca e carrega o bebê é essencial para seu desenvolvimento. Não deixá-lo no estado de pacote, para não se fechar sobre si mesmo, permitir que ele tenha confiança em si através da sua própria corporalidade. Por que o toque é tão importante?
Existem muitos tipos de memórias, as que você pode trazer à consciência são lembranças, mas existem aquelas que deixam traços em nós mas que não vem à tona, não tomamos consciência, mas que estão lá e em alguns momentos da vida aparecem como armadilhas emocionais. No inicio da vida não temos a linguagem, então os traços de memória são corporais, a emoção fica impregnada na nossa corporalidade.
5- Cuidando durante a noite
Não existe um fórmula , pois cada bebê é único e sua família também é única. Descubra uma forma em que todos dormem bem e esta será a mais adequada à sua família.
Bebês e crianças têm necessidades durante a noite assim como durante o dia. Eles dependem dos pais para acalmá-los e ajudá-los a se regular. Os treinamentos noturnos têm um efeito físico e psíquico, então muito cuidado com os métodos do tipo Nana Neném.
A cama compartilhada tem seus benefícios para os bebês que demonstram dificuldade à noite, alguns tem angústias noturnas, e o contato físico, a proximidade minimizam isso. Além disso, tende a facilitar o aleitamento em livre demanda. A cama compartilhada pode inclusive reconectar os pais que trabalham fora a seu bebê. O bebê vai adquirindo seus recursos para se tornar independente através da confiança que tem em seus pais.

*Nos primeiros dias em casa tentamos que o Bê dormisse no berço de apoio ao lado da nossa cama, mas após todas as mamadas ele despertava e não conseguia mais dormir. Isso tornava nossa noite exaustiva, dia após dia. Até que o instinto e a necessidade de dormir falaram mais alto e o coloquei ao meu lado na minha cama, o amamentei deitada e assim adormecemos juntos e a noite foi deliciosamente revigorante. De lá pra cá não encontramos nada que justificasse separá-lo de nós enquanto ele precisa, se sente seguro, alimentado e feliz.
Óbvio que são necessarias algumas medidas de segurança, farei adiante um post falando detalhadamente sobre o conceito e nossa experiência com a cama compartilhada.

6- Cuidado consistente e afetuoso

A idéia é prevenir separações longas que tragam ansiedade e estresse às crianças pequenas. Também quando for necessário que os pais se separem dos filhos por conta de trabalho, observar e responder com cuidado aos sinais que a criança dá que de que a separação é difícil e causa angústia. Creches por mais de 20 horas por semana podem causar extremo estresse emocional, melhor a opção de um “cuidador” em casa. As crianças para se desenvolverem devem ter momentos de privacidade, e intimidade, e as escolinhas não tem esse espaço. O desenvolvimento social que o bebê demonstra ter ao iniciar-se na creche pode ser em detrimento de sua segurança afetiva. Por isso dê ouvido aos choros de seu bebês. Mais uma vez cada um é único é você só vai saber se está tudo bem com ele se tornando um expert do seu bebê.

7-Praticar educação positiva

Tratar nossos filhos como gostamos de ser tratados!  Extremamente difícil!
Disciplina positiva tem como filosofia levar a criança a desenvolver uma consciência guiada por suas própria disciplina interna e compaixão pelo outro. Não é deixar fazer o que ela quer. Crianças precisam que mostremos o caminho. A punição enfraquece em parte a conexão entre os pais. Traz os sentimentos de vergonha, injustiça, humilhação. Bater ensina que a violência é a forma de resolver conflitos e problemas.

Analisar sua própria infância e educação recebida é o primeiro passo para mudanças de atitudes com nossos filhos.
8- Equilíbrio
O equilíbrio de todos os membros da família é importante, dar ouvidos às suas necessidade permite que a intuição e conexão entre todos aflore. As necessidades do bebê são grandes e podem ser desgastantes, se necessário peça ajuda a alguém, para que você possa descansar.

Fonte:
http://www.maternidadeconsciente.com.br/ e complementado (fonte em itálico) com nossa experiência aqui em casa.

Beijo materno,

Nathalie

Nenhum comentário:

Postar um comentário